COMO?
Como sair de uma situação onde os sentimentos estão no
esgotamento das emoções e são gladiados nas mágoas de lembranças doloridas? Onde a vida é superada
pelas adversidades dos “nãos”? Onde a razão de viver está no compasso de passos
do cansaço e as palavras ficam presas nas claves das correntes do cale-se?
O amanhecer é angustia no pesar infinito, o sentido de tudo
voa na melancolia ausente, as melodias anseiam por harmonias, o elo entre o
amor e afeto paradoxalmente desaparecem, a consciência mergulha em um mar
vermelho de incoerências, diálogos e opiniões jazem na solidão do isolamento, o
choro verte espontaneamente em lágrimas gélidas, o tempo furta
sorrateiramente à liberdade de ser ou não ser, os fragmentos da alma são
espalhados em caminhos sem destinos, os sonhos são enterrados em ruínas
seculares de olhares sem brilho.
Como sair de uma situação onde o espelho é reflexo de dores
consentidas e os impulsos são impaciências tresloucadas?
Onde os sorrisos são levados por ondas mortais
de dúvidas? Onde a inutilidade mora no ócio de abismo do medo e a verdade
sutilmente foi desvendada pela ilusão? Ah, como viver no marasmo da apatia de
dias sem afeto? Onde está a flexibilidade dos jardins? Quantas dormências nos
desejos secretos? Quantas promessas ficam no “não merece”? --- Quantas perguntas...
Dila Anizete
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